segunda-feira, 13 de maio de 2019

Perdendo o controle.

É impossível fazer do futuro, presente, se a hora [dele] ainda não chegou. Mas, esse é o vício dos ansiosos: viver - agora - o que só ao futuro cabe. E, me diga: Nessas condições de futuro ocupando o lugar do presente, onde é que esse presente caberá? Antecipar é desperdício de energia. Antecipar é desperdício de momento. Antecipar é desperdício de presença. Se fechar os olhos e fizer silêncio, poderá ouvir o lamento de um ansioso qualquer: "Por que me precipitei? Nada do que eu pensava se fez." 

E nada será feito como se pensa, nunca. Nem por mim, nem por ninguém. Há uma subjetividade inerente aos fatos futuros e, por mais que as mãos controladoras tentem aferi-los, mensurá-los, medi-los, escapam como areia pelos dedos. Eles fazem parte do futuro, fluido e disforme. Quisera pudéssemos nos lembrar a tempo [sempre ele] de que o futuro é reflexo. O que virá é cor e luz do que agora é, mas já será outra coisa. O reflexo nunca é a coisa em si, ainda que pareça. Assim, poderíamos nos livrar da necessidade da previsão do que será. E, finalmente, faríamos as pazes com o fato de que não temos o controle de tudo.