Nunca antes – ao menos não
nessa vida -, eu havia mergulhado em águas tão cristalinas. Nesse lugar que só
eu conheço, um rio profundo e inerte vive, com a força de tudo aquilo que é
animado. Contemplo esse rio profundo, cristalino, que repousa entre duas altas
paredes de terra laranja. E mesmo que suas águas não se movimentem, eu posso
sentir que ele pulsa. Ele pulsa comigo. Azul. E cristalino. E mais azul. Não
sei explicar como.
Tudo nesse rio me convida ao
mergulho. E eu vou, como se dele fizesse parte. No meu corpo, corre uma alegria
profunda como ele. Uma alegria de contentamento. Uma alegria de “finalmente,
tudo está bem”. Alegria de que somos, o rio e eu. Um.
Sua profundidade não me
assusta. Eu fluo por ele com a delicadeza de uma barbatana. Mais que isso: eu
fluo por ele como se seu movimento fosse o meu. Eu sou a força que o move. E
logo ele se desfaz daquela primeira característica com a qual se apresentou a
mim... Imóvel, inerte. Vivemos, um no outro. Eu, rio. Ele, eu.
- Ninguém mais conhece esse
lugar. – sorrio. Sou rio.
Parabéns pelo texto! Lindo!
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