terça-feira, 21 de abril de 2020

Um lugar que ninguém mais conhece.


Nunca antes – ao menos não nessa vida -, eu havia mergulhado em águas tão cristalinas. Nesse lugar que só eu conheço, um rio profundo e inerte vive, com a força de tudo aquilo que é animado. Contemplo esse rio profundo, cristalino, que repousa entre duas altas paredes de terra laranja. E mesmo que suas águas não se movimentem, eu posso sentir que ele pulsa. Ele pulsa comigo. Azul. E cristalino. E mais azul. Não sei explicar como.

Tudo nesse rio me convida ao mergulho. E eu vou, como se dele fizesse parte. No meu corpo, corre uma alegria profunda como ele. Uma alegria de contentamento. Uma alegria de “finalmente, tudo está bem”. Alegria de que somos, o rio e eu. Um.

Sua profundidade não me assusta. Eu fluo por ele com a delicadeza de uma barbatana. Mais que isso: eu fluo por ele como se seu movimento fosse o meu. Eu sou a força que o move. E logo ele se desfaz daquela primeira característica com a qual se apresentou a mim... Imóvel, inerte. Vivemos, um no outro. Eu, rio. Ele, eu.

- Ninguém mais conhece esse lugar. – sorrio. Sou rio.

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