domingo, 28 de junho de 2020

Silêncio.

"Foi assim
No dia em que todas as pessoas
Do planeta inteiro
Resolveram que ninguém ia sair de casa
Como que se fosse combinado em todo o planeta
Naquele dia, ninguém saiu de casa, ninguém."

Raul Seixas não poderia prever que O dia em que a terra parou se tornaria real. Ou previu, vai saber. Lá fora, pararam os dias. Foi como se o tempo houvesse se transformado em algo tão, mas tão novo, que tivemos - todos - dificuldades em reconhecê-lo. Sozinhos, todos. Fazendo, enfim, morada... Em nós mesmos. Nos dias em que a Terra parou.

O tempo - que demoramos a reconhecer nesses dias - começou a perguntar coisas demais. E eu, distraída toda a vida, não sabia que dentro do silêncio que o tempo traz cabe tanta palavra. No quarto bagunçado que a cabeça é, pela primeira vez, as palavras ecoam alto demais, como se há tempos estivessem esperando o lado de fora fazer silêncio. E fez. Nos dias em que a Terra parou.

Ouvi, dias atrás, que estamos todos no mesmo mar revolto, finalmente. Mas, que evidente fique: nunca no mesmo barco. A menina que escreve frases poéticas daquela página bucólica que leio deixou bem claro: tem gente que nem barco tem. É nisso que a gente pensa, quando tem tempo.

Não há lugar onde chegar com isso que, aqui e agora, escrevo. Porque a Terra ainda não voltou a girar. Mas as palavras gritam, dentro. E, a cada dia, mais alto. "Maluco que sou."

Laysla.




Nenhum comentário:

Postar um comentário